Ouvi
primeiro o ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de
bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti
nitidamente o cheiro acre, muito próximo. Virei-me devagar, abri os
olhos. O cavalo erguia-se interminável à minha frente. Em cima dele
havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um
velhinho de chapéu de palha, que disse logo o seguinte:
- Ruivo, então, aqui está o homem mais temido do Leste Azul. Ouvi
que você quer falar com o bem, não é?
-
Não sei da parte de ser o homem mais temido do Leste Azul, mas,
sim, quero muito conversar com Ben Beckman, você é um dos homens
dele, não é? Me leve até ele, por favor!
-
Ruivo, não sei de suas intenções com o Ben, mas estarei de olho
em você, vamos, me siga!
Então, Ruivo seguiu o velho, passaram por belos prados, belos
vales e até por uma vila de mercadores. O velho estranhou o
comportamento do pirata Ruivo, ele estava estranhamente calmo e
alegre para alguém que iria encontrar com o melhor atirador do
Norte Azul. Chegaram, então, a uma grande cabana, desceram dos
cavalos e o velho guiou o Ruivo até os fundos do local. Lá
estava ele, um homem de cabelos bnegros, jovem, com um charuto na
boca, era Ben Beckman. Ruivo se animou ao vê-lo e disse:
-
Até que, enfim, posso conhecer você, Ben Beckman. Ei, quer se
juntar a minha tripulação?
Ben
o olhou com um olhar estranho, um misto de surpresa e escárnio.
Pensou no que um homem como o Ruivo queria com ele em sua
tripulação, e disse:
-
Ruivo, veio de tão longe apenas para me falar essa besteira?
Ou realmente vai falar sério?
-
Estou falando sério, Ben! Vamos, vai ser legal, estou
precisando de um atirador, meu último foi capturado pela
Marinha.
-
Você acha que irei com você para ter esse futuro? Por favor,
Ruivo, não vou ser um pirata.
Emannuel Viana |
De
repente, ouve-se um barulho, e, então, gritos. Era um ataque
da Marinha. Foram atrás de Ben, mas o Ruivo não ia deixar um
companheiro ser pego, e falou mais uma vez:
-
Vamos, Ben! Você não pode fugir de todos esses marinheiros
sozinho! Olhe para trás, eles já pegaram meu bando. Vamos,
seja meu atirador!
Foi
então que Ben viu que não lhe restava mais nada, seu bando,
sua cabana, sua paz, tudo foi destruído pela Marinha. Então
Ben olhou fixamente para o Ruivo e disse:
-
Tudo bem, então, eu vou com você, Shanks, o ruivo! Mas se me
deixar ser pego ou morto, juro que volto para te matar!
E
assim foi que ambos partiram para o barco ancorado no fim do
cabo, e partiram rumo a novas aventuras, ao longe podia-se
ouvir festa no navio, o Oro Jackson estava feliz pelo novo
companheiro.
Emmanuel
Viana Rodrigues
(Redes
de Computadores)
A
introdução faz parte de “Crítica da razão pura”, em Os
cem melhores contos brasileiros do século,
de Wander Pirolli.
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