quinta-feira, 10 de maio de 2012

Contos da Redes


Ouvi primeiro o ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre, muito próximo. Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo erguia-se interminável à minha frente. Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de chapéu de palha, que disse logo o seguinte:

      - Ruivo, então, aqui está o homem mais temido do Leste Azul. Ouvi que você quer falar com o bem, não é? 
    - Não sei da parte de ser o homem mais temido do Leste Azul, mas, sim, quero muito conversar com Ben Beckman, você é um dos homens dele, não é? Me leve até ele, por favor! 
   - Ruivo, não sei de suas intenções com o Ben, mas estarei de olho em você, vamos, me siga! 
    Então, Ruivo seguiu o velho, passaram por belos prados, belos vales e até por uma vila de mercadores. O velho estranhou o comportamento do pirata Ruivo, ele estava estranhamente calmo e alegre para alguém que iria encontrar com o melhor atirador do Norte Azul. Chegaram, então, a uma grande cabana, desceram dos cavalos e o velho guiou o Ruivo até os fundos do local. Lá estava ele, um homem de cabelos bnegros, jovem, com um charuto na boca, era Ben Beckman. Ruivo se animou ao vê-lo e disse:
     - Até que, enfim, posso conhecer você, Ben Beckman. Ei, quer se juntar a minha tripulação?
     Ben o olhou com um olhar estranho, um misto de surpresa e escárnio. Pensou no que um homem como o Ruivo queria com ele em sua tripulação, e disse:
     - Ruivo, veio de tão longe apenas para me falar essa besteira? Ou realmente vai falar sério?
     - Estou falando sério, Ben! Vamos, vai ser legal, estou precisando de um atirador, meu último foi capturado pela Marinha.
      - Você acha que irei com você para ter esse futuro? Por favor, Ruivo, não vou ser um pirata.  

Emannuel Viana
    De repente, ouve-se um barulho, e, então, gritos. Era um ataque da Marinha. Foram atrás de Ben, mas o Ruivo não ia deixar um companheiro ser pego, e falou mais uma vez:
     - Vamos, Ben! Você não pode fugir de todos esses marinheiros sozinho! Olhe para trás, eles já pegaram meu bando. Vamos, seja meu atirador!
     Foi então que Ben viu que não lhe restava mais nada, seu bando, sua cabana, sua paz, tudo foi destruído pela Marinha. Então Ben olhou fixamente para o Ruivo e disse:
     - Tudo bem, então, eu vou com você, Shanks, o ruivo! Mas se me deixar ser pego ou morto, juro que volto para te matar!
     E assim foi que ambos partiram para o barco ancorado no fim do cabo, e partiram rumo a novas aventuras, ao longe podia-se ouvir festa no navio, o Oro Jackson estava feliz pelo novo companheiro.

Emmanuel Viana Rodrigues
(Redes de Computadores)

A introdução faz parte de “Crítica da razão pura”, em Os cem melhores contos brasileiros do século, de Wander Pirolli.

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