Leia
o poema a seguir, do poeta francês, Baudelaire, e responda às questões 1 a 3:
CORRESPONDÊNCIAS
A
natureza é um templo onde vivos pilares
Deixam
filtrar não raro insólitos enredos;
O
homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Que
ali o espreitam com seus olhos familiares.
Como
ecos longos que à distância se matizam
Numa
vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão
vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Os
sons, as cores e os perfumes se harmonizam.
Há
aromas frescos como a carne dos infantes,
Doces
como o oboé, verdes como a campina,
E
outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,
Com
a fluidez daquilo que jamais termina,
Como
o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,
Que
a glória exaltam dos sentidos e da mente.
Tanto
o simbolismo francês quanto o brasileiro foram fortemente influenciados pela
obra de Charles Baudelaire, poeta pós-romântico francês considerado precursor
não apenas do Simbolismo, mas de toda a poesia moderna.
QUESTÃO 01
A
linguagem simbolista destaca-se por ser vaga, fluida, abstrata, imprecisa.
Assinale o item que apresenta palavras e expressões que comprovam essa
característica:
A) segredo / ecos longos
B) incenso / resinas do
Oriente.
C) espreitam / olhos
familiares.
D)
homem / em meio a um bosque.
E) noite / verdes como a
campina.
QUESTÃO
02
Para os simbolistas, uma
das formas de expressar as sensações interiores por meio da linguagem verbal é
a aproximação ou cruzamentos de campos sensoriais, isto é, de sentidos diferentes.
Esse procedimento, a que se dá o nome de sinestesia, pode ser claramente
identificado no verso:
A) “A natureza é um templo onde vivos pilares”.
B) “E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes”.
C) “Com a fluidez daquilo que jamais termina”.
D) “Os sons, as cores e os
perfumes se harmonizam”. (‘sons ‘– audição; ‘cores’ – visão; ‘perfumes’ –
olfato)
E) “O homem o cruza em meio a um bosque de segredos”.
QUESTÃO 03
Releia
os seguintes versos:
“Numa
vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão
vasta quanto a noite e quanto a claridade”
Segundo
o Dicionário On-line Priberam, a
palavra “vertiginosa” significa “que produz vertigem; que perturba a razão”;
e a palavra “lúgubre” é relativa a “luto; fúnebre, triste”. Refletindo no
sentido dessas palavras e no segundo verso, percebemos claramente a presença:
A) de sinestesia.
B) do pessimismo.
C) do racionalismo.
D) da personificação.
E) da subjetividade.
A
seguir, você lerá uma parte do poema “Violões que choram...”, do poeta
simbolista brasileiro, Cruz e Sousa. O poema servirá de base para responder às
questões 4 a 8:
VIOLÕES
QUE CHORAM...
Ah! plangentes violões
dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros
ao vento...
Tristes perfis, os mais
vagos contornos,
Bocas murmurejantes de
lamento.
Noites de além, remotas,
que eu recordo,
Noites da solidão,
noites remotas
Que nos azuis da
Fantasia bordo,
Vou constelando de
visões ignotas.
Sutis palpitações a luz
da lua,
Anseio dos momentos mais
saudosos,
Quando lá choram na
deserta rua
As cordas vivas dos
violões chorosos.
Quando os sons dos
violões vão soluçando,
Quando os sons dos
violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e
deliciando,
Rasgando as almas que
nas sombras tremem.
Harmonias que pungem,
que laceram,
Dedos Nervosos e ágeis
que percorrem
Cordas e um mundo de
dolências geram,
Gemidos, prantos, que no
espaço morrem...
E sons soturnos,
suspiradas magoas,
Mágoas amargas e
melancolias,
No sussurro monótono das
águas,
Noturnamente, entre
ramagens frias.
Vozes veladas, veludosas
vozes,
Volúpias dos violões,
vozes veladas,
Vagam nos velhos
vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs,
vulcanizadas.
Tudo nas cordas dos
violões ecoa
E vibra e se contorce no
ar, convulso...
Tudo na noite, tudo
clama e voa
Sob a febril agitação de
um pulso.
Que esses violões
nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo
atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas
do sonho
Almas que se abismaram
no mistério.
QUESTÃO 04
A personificação é uma figura de linguagem
através da qual se pode reconhecer traços e reações físicas de pessoas em
coisas. Assinale o item em que fica clara a presença da personificação:
A)
“Sutis palpitações a luz da lua”.
B)
“Que nos azuis da Fantasia bordo”.
C) “Tristes
perfis, os mais vagos contornos”.
D) “Noites
de além, remotas, que eu recordo”.
E) “Ah! plangentes violões
dormentes, mornos”.
QUESTÃO 05
No verso “Vozes veladas,
veludosas vozes”, presente na 7ª estrofe, o poeta se utiliza de um importante
recurso linguístico nas obras simbolistas:
A) a sinestesia. (‘vozes’ – audição; ‘veludosas’ – tato)
B) a
religiosidade.
C) o
subjetivismo.
D) a
personificação.
E) o
antimaterialismo.
QUESTÃO 06
Releia
a 7ª estrofe:
Vozes
veladas, veludosas vozes,
Volúpias
dos violões, vozes veladas,
Vagam
nos velhos vórtices velozes
Dos
ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Nesses versos, podemos
constatar que:
A) o medo de amar
confunde-se à dor de existir.
B) a repetição do som de /v/ confere musicalidade.
C) o eu lírico é
pessimista e sofre com a existência.
D) os violões causam
profundo sentimento de satisfação.
E) a palavra “vozes”
aparece três vezes, sugerindo a visão.
QUESTÃO 07
De
acordo com a leitura do poema, percebemos que a melodia do violão influencia os
sentimentos do eu lírico,
causando-lhe
A)
medo.
B)
alegria.
C)
loucura.
D)
equilíbrio.
E) melancolia.
QUESTÃO 08
Na
última estrofe do poema de Cruz e Sousa aparecem palavras do mesmo campo
semântico, como "nevoentos", "tristonhos",
"ilhas", "funéreo", "fatigadas" e
"mistério", todas elas fazem referência
A) à dor de existir do eu
lírico.
B) à
tristeza do momento da morte.
C)
ao choro dos poetas românticos.
D)
ao momento de paz encontrado.
E) à
saudade sentida pela pessoa amada.
QUESTÃO 09
Aprendemos
que a voz verbal é a relação entre o sujeito e o verbo da oração. Na voz ativa
o sujeito é o agente do processo verbal. Na voz passiva, o sujeito é paciente
da ação verbal, isto é, o sujeito recebe ou sofre a ação verbal. Os anúncios
publicitários são gêneros textuais nos quais encontramos bastante a presença da
voz passiva:
Nos
anúncios publicitários lidos percebemos que a voz passiva foi utilizada com a
intenção de
A)
ampliar as informações contidas no anúncio.
B)
mostrar que a voz ativa tem pouca importância.
C)
apresentar o agente da ação verbal de modo mais claro.
D) omitir o agente da ação
verbal deixando o texto mais objetivo.
E) fazer
com que o leitor se confunda sobre quem está anunciando.
QUESTÃO 10
Observe
o emprego da voz passiva no trecho do “Soneto de Separação”, de Vinícius de
Moraes:
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o
espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
A
presença do verbo fazer na voz
passiva nos faz chegar à conclusão de que
A) o
uso da voz ativa traria maior sentimentalismo para o poema lido.
B)
essa ação passiva deixa transparecer, exatamente, quem é o agente.
C)
os sentimentos de tristeza, sofridos pelo eu lírico, têm pouca importância.
D) o
uso da voz passiva deixa bem mais explícita a relação do sujeito e do verbo.
E) o agente da ação verbal
não é importante, mas, sim, os sentimentos provocados por ele.
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