quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Gabarito do Provão do 4º bimestre


Leia o poema a seguir, do poeta francês, Baudelaire, e responda às questões 1 a 3:

CORRESPONDÊNCIAS

A natureza é um templo onde vivos pilares
Deixam filtrar não raro insólitos enredos;
O homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Que ali o espreitam com seus olhos familiares.

Como ecos longos que à distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.

Há aromas frescos como a carne dos infantes,
Doces como o oboé, verdes como a campina,
E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,

Com a fluidez daquilo que jamais termina,
Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,
Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.


Tanto o simbolismo francês quanto o brasileiro foram fortemente influenciados pela obra de Charles Baudelaire, poeta pós-romântico francês considerado precursor não apenas do Simbolismo, mas de toda a poesia moderna.

QUESTÃO 01

A linguagem simbolista destaca-se por ser vaga, fluida, abstrata, imprecisa. Assinale o item que apresenta palavras e expressões que comprovam essa característica:

A) segredo / ecos longos
B) incenso / resinas do Oriente.
C) espreitam / olhos familiares.
D) homem / em meio a um bosque.
E) noite / verdes como a campina.

QUESTÃO 02

Para os simbolistas, uma das formas de expressar as sensações interiores por meio da linguagem verbal é a aproximação ou cruzamentos de campos sensoriais, isto é, de sentidos diferentes. Esse procedimento, a que se dá o nome de sinestesia, pode ser claramente identificado no verso:

A) “A natureza é um templo onde vivos pilares”.
B) “E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes”.
C) “Com a fluidez daquilo que jamais termina”.
D) “Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam”. (‘sons ‘– audição; ‘cores’ – visão; ‘perfumes’ – olfato)
E) “O homem o cruza em meio a um bosque de segredos”.

QUESTÃO 03

Releia os seguintes versos:

“Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade”

Segundo o Dicionário On-line Priberam, a palavra “vertiginosa” significa “que produz vertigem; que perturba a razão”; e a palavra “lúgubre” é relativa a “luto; fúnebre, triste”. Refletindo no sentido dessas palavras e no segundo verso, percebemos claramente a presença:

A) de sinestesia.
B) do pessimismo.
C) do racionalismo.
D) da personificação.
E) da subjetividade.


A seguir, você lerá uma parte do poema “Violões que choram...”, do poeta simbolista brasileiro, Cruz e Sousa. O poema servirá de base para responder às questões 4 a 8:

VIOLÕES QUE CHORAM...

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,
Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.

Sutis palpitações a luz da lua,
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.

Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,
Dedos Nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas magoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.

Que esses violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho
Almas que se abismaram no mistério.


QUESTÃO 04

A personificação é uma figura de linguagem através da qual se pode reconhecer traços e reações físicas de pessoas em coisas. Assinale o item em que fica clara a presença da personificação:

A) “Sutis palpitações a luz da lua”.
B) “Que nos azuis da Fantasia bordo”.
C) “Tristes perfis, os mais vagos contornos”.
D) “Noites de além, remotas, que eu recordo”.
E) “Ah! plangentes violões dormentes, mornos”.

QUESTÃO 05

No verso “Vozes veladas, veludosas vozes”, presente na 7ª estrofe, o poeta se utiliza de um importante recurso linguístico nas obras simbolistas:

A) a sinestesia. (‘vozes’ – audição; ‘veludosas’ – tato)
B) a religiosidade.
C) o subjetivismo.
D) a personificação.
E) o antimaterialismo.

QUESTÃO 06

Releia a 7ª estrofe:

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Nesses versos, podemos constatar que:

A) o medo de amar confunde-se à dor de existir.
B) a repetição do som de /v/ confere musicalidade.
C) o eu lírico é pessimista e sofre com a existência.
D) os violões causam profundo sentimento de satisfação.
E) a palavra “vozes” aparece três vezes, sugerindo a visão.

QUESTÃO 07

De acordo com a leitura do poema, percebemos que a melodia do violão influencia os sentimentos do eu lírico, causando-lhe

A) medo.
B) alegria.
C) loucura.
D) equilíbrio.
E) melancolia.

QUESTÃO 08

Na última estrofe do poema de Cruz e Sousa aparecem palavras do mesmo campo semântico, como "nevoentos", "tristonhos", "ilhas", "funéreo", "fatigadas" e "mistério", todas elas fazem referência

A) à dor de existir do eu lírico.
B) à tristeza do momento da morte.
C) ao choro dos poetas românticos.
D) ao momento de paz encontrado.
E) à saudade sentida pela pessoa amada.


QUESTÃO 09

Aprendemos que a voz verbal é a relação entre o sujeito e o verbo da oração. Na voz ativa o sujeito é o agente do processo verbal. Na voz passiva, o sujeito é paciente da ação verbal, isto é, o sujeito recebe ou sofre a ação verbal. Os anúncios publicitários são gêneros textuais nos quais encontramos bastante a presença da voz passiva:




Nos anúncios publicitários lidos percebemos que a voz passiva foi utilizada com a intenção de

A) ampliar as informações contidas no anúncio.
B) mostrar que a voz ativa tem pouca importância.
C) apresentar o agente da ação verbal de modo mais claro.
D) omitir o agente da ação verbal deixando o texto mais objetivo.
E) fazer com que o leitor se confunda sobre quem está anunciando.

QUESTÃO 10

Observe o emprego da voz passiva no trecho do “Soneto de Separação”, de Vinícius de Moraes:

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

A presença do verbo fazer na voz passiva nos faz chegar à conclusão de que

A) o uso da voz ativa traria maior sentimentalismo para o poema lido.
B) essa ação passiva deixa transparecer, exatamente, quem é o agente.
C) os sentimentos de tristeza, sofridos pelo eu lírico, têm pouca importância.
D) o uso da voz passiva deixa bem mais explícita a relação do sujeito e do verbo.
E) o agente da ação verbal não é importante, mas, sim, os sentimentos provocados por ele.

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