sábado, 23 de fevereiro de 2013

Augusto dos Anjos e o Amor convertido em Ódio

Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me"), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte"). A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais").

Fonte: http://www.releituras.com/aanjos_versos.asp

Clique nos vídeos abaixo para ouvir a recitação de três dos mais famosos poemas de Augusto dos Anjos:

Budismo Moderno



Versos íntimos



Psicologia de um vencido

2 comentários:

  1. Augusto dos Anjos transformou sua dor em arte, em poesia. Foi um poeta que vomitou o que sentia através da força das palavras. O seu único livro traz contido nele, toda uma vida escrita.
    Adoro recitar os poemas de Augusto, quando faço isso sinto sua própria dor.

    Infeliz


    Alma viúva das paixões da vida,
    Tu que, na estrada da existência em fora,
    Cantaste e riste, e na existência agora
    Triste soluças a ilusão peerdida;


    Oh! Tu, que na grinalda emurchecida
    De teu passado de felicidade
    Foste juntar os goivos da Saudade
    Às flores da Esperança enlanguescida;


    Se nada te aniquila o desalento
    Que te invade, e o pesar negro e profundo,
    Esconde à Natureza o sofrimento,


    E fica no teu ermo entristecida,
    Alma arrancada do prazer do mundo,
    Alma viúva das paixões da vida.

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  2. Gostei muito, pois ele soube bem o sofrimento em seus versos, tornando eles bem dramáticos. Uma pena é que não é tão fácil ler sem ficar triste.
    Jordânia Jóice "3B"

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