segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Gabarito do Provão


Galera, segue, abaixo, o gabarito do Provão de Língua Portuguesa do 3o. bimestre. Os resultados foram muito bons, inclusive com várias notas máximas (5,0). Espero que todos continuem se esforçando para melhorem as notas.

QUESTÃO 01

Leia o texto a seguir:

Em casa, brincava de missa, — um tanto às escondidas, porque minha mãe dizia que missa não era cousa de brincadeira. Arranjávamos um altar, Capitu e eu. Ela servia de sacristão, e alterávamos o ritual, no sentido
de dividirmos a hóstia entre nós; a hóstia era sempre um doce. No tempo em que brincávamos assim, era muito comum ouvir à minha vizinha: “Hoje há missa?” Eu já sabia o que isto queria dizer, respondia afirmativamente, e ia pedir hóstia por outro nome. Voltava com ela, arranjávamos o altar, engrolávamos o latim e precipitávamos as cerimônias. Dominus non sum dignus … Isto, que eu devia dizer três vezes, penso que só dizia uma, tal era a gulodice do padre e do sacristão. Não bebíamos vinho nem água; não tínhamos o primeiro, e a segunda viria tirar-nos o gosto do sacrifício”.

(Machado de Assis, Dom Casmurro, Obra completa.)

Analisando o trecho lido e com base em seus conhecimentos sobre Machado de Assis, pode dizer-se que
a) pertenceu, especialmente, ao primeiro momento do romantismo brasileiro.
b) seu humor e pessimismo são marcas de sua originalidade realista.
c) seus romances e poemas retratam um herói sofrido mas ideal.
d) buscou resgatar a figura do protagonista perfeito e da pureza feminina.
e) preocupou-se em destacar personagens honestos e de bom caráter.

QUESTÃO 02

Leia atentamente o trecho de Black, de Artur Azevedo:

A ventura de Leandrinho tinha um único senão: havia na casa um cãozinho de raça, um bull-terrier, chamado Black, que latia desesperadamente sempre que farejava a presença daquele estranho.
Dir-se-ia que o inteligente animal compreendia tudo e daquele modo exprimia a indignação que tamanha patifaria lhe causava.
Entretanto, o inconveniente, foi remediado. A poder de carícias e pães-de-ló, a pouco e pouco logrou o afortunado Leandrinho captar a simpatia de Black, e este, afinal, vinha aos pulos recebê-lo à porta da rua, e acompanhava-o no corredor, saltando-lhe às pernas, lambendo-lhe as mãos, corcoveando, arfando, sacudindo a cauda irrequieta e curva.
As mulheres viciosas e apaixonadas comprazem-se na aproximação do perigo; por isso, Dona Candinha desejava ardentemente que Leandrinho travasse relações de amizade com o Senhor Martins.
Tudo se combinou, e uma bela noite os dois amantes se encontraram, como por acaso, num sarau do Clube Familiar da Cancela. Depois de dançar com ele uma valsa e duas polcas, ela teve o desplante de apresentá-lo ao marido.
Sucedeu o que invariavelmente sucede. A manifestação da simpatia do Senhor Martins não se demorou tanto como a de Black: foi fulminante.
Os maridos são por via de regra menos desconfiados que os bull-terriers.

Assinale o item no qual observamos trecho tipicamente Realista

a) “A ventura de Leandrinho tinha um único senão”.
b) “Entretanto, o inconveniente, foi remediado”.
c) “este, afinal, vinha aos pulos recebê-lo à porta da rua”.
d) “As mulheres viciosas e apaixonadas comprazem-se na aproximação do perigo”.
e) “pouco logrou o afortunado Leandrinho captar a simpatia de Black”.

QUESTÃO 03

No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente outro estilo de época: o Romantismo:

Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor ornamenta a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação”.

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa

a) “o autor ornamenta a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas”.
b) “era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça”.
c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno...”.
d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...”.
e) “o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação”.

Leia o texto a seguir, extraído da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e responda às questões 04 e 05:


Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada." Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe,–para dizer alguma cousa,–que era capaz de os pentear, se quisesse.

- Machado de Assis in “Dom Casmurro”

QUESTÃO 04

Para o narrador, os olhos de Capitu eram olhos de ressaca, como a vaga (onda) que se retira da praia, nos dias de ressaca. Entende-se, então, que ele

a) começava a nutrir sentimento de repulsa em relação a ela, como está sugerindo em [seus olhos] “entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...”.
b) se sentia fortemente atraído por ela, como comprova o trecho: “Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro...”
c) passou a desconfiar da sinceridade dela, como está exposto em: “mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim”.
d) começava a vê-la como uma mulher comum, sem atrativos especiais, como demonstra o trecho: “eu nada achei extraordinário...”.
e) deixava de vê-la como uma mulher enigmática, como está sugerido em: “Olhos de ressaca! Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova”.

QUESTÃO 05

Leia novamente o trecho: “e disse-lhe,–para dizer alguma cousa,–que era capaz de os pentear, se quisesse.”. O pronome sublinhado refere-se

a) aos olhos de ressaca.
b) às pupilas.
c) a Capitu.
d) a Bentinho.
e) aos cabelos.

QUESTÃO 06

Leia este poema, de Carlos Drummond de Andrade:

A bomba
A bomba
É uma flor de pânico apavorando os floricultores
A bomba
É o produto quintessente de um laboratório falido
A bomba
É a miséria confederando milhões de misérias
A bomba
É estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles
A bomba
É grotesca de tão metuenda e coça a perna
[...]

A bomba
Não é séria, é conspicuamente tediosa
A bomba
Envenena as crianças antes que comecem a nascer
A bomba
Continua a envenená-las no curso da vida
A bomba
Respeita os poderes espirituais, os temporais e os tais
A bomba
Pula de um lado para outro gritando: eu sou a bomba
A bomba
É uma inflamação no ventre da primavera
[...]

O poema que você leu é todo construído a partir de dísticos, isto é, de estrofes de dois versos. A disposição visual desses dois versos possibilita perceber de imediato os dois termos essenciais das orações: o sujeito e o predicado. Identifique o item em que aparece o sujeito das orações do poema e o poder que ele(a) tem:

a) os floricultores / construir flores.
b) um laboratório falido / produzir quintessente
c) é a miséria / confederar mais misérias.
d) o ventre da primavera / inflamar as pessoas
e) a bomba / destruir tudo.

QUESTÃO 07

Leia o texto a seguir:

Meio-dia
É meio-dia
no meio do mundo
balões verdes
balões vermelhos
cirandam com os raios de sol
coloridos, dispersos
refletidos nos vitrais
das igrejas.
Será o meio do mundo
no país dos egípcios
ou na Montanha Meru
dos hindus?
Bate meio-dia
no relógio solar
da capital da China,
abre-se o portão dos deuses
na Babilônia.
É meio-dia
no meio do mundo
no friozinho da barriga
do menino da rua.
(Gata cigana. Erechim: Edelbra, 1991. p. 12.)

Há, no poema, uma oração que é responsável pela indicação do tempo em que ocorrem as ações verbais. Assinale o item onde encontramos essa oração

a) é meio dia.
b) no meio do mundo.
c) no relógio solar.
d) abre-se o portal dos deuses.
e) será o meio do mundo.

QUESTÃO 08

Leia a letra de uma canção, de Ataulfo Alves, e responda à questão:

Pois é
Falaram tanto que desta vez
A morena foi embora.
Disseram que ela era a maioral
E eu é que não quis acreditar
Endeusaram a morena tanto tanto
Que ela resolveu me abandonar.
A maldade dessa gente é uma arte
Tanto fizeram que houve a separação.
Mulher a gente encontra em toda parte
Mas não se encontra a mulher
Que a gente tem no coração.

Em toda oração, o predicado apresenta uma afirmação a respeito do sujeito. Assinale o predicado que traz informações sobre o sujeito “a morena”, contido no poema lido

a) não quis acreditar.
b) endeusaram a morena tanto tanto.
c) resolveu me abandonar.
d) é uma arte.
e) encontra em toda parte.

QUESTÃO 09

Leia o trecho a seguir, de “Missa do Galo”, conto realista de Machado de Assis:

A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranqüilo, naquela casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito”.

Assinale o item no qual constatamos a influência do Realismo no texto lido

a) “A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses”.
b) “A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem”.
c) “A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas”.
d) “Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido”.
e) “Conceição padecera, a princípio”.

QUESTÃO 10

Para resolver à última questão, leia o seguinte trecho de entrevista feita por alunos da EEEP de Itaitinga:

Perguntas sobre você

Por ALEX SOUSA SANTOS

Você já conseguiu imaginar quanta ignorância cabe em uma pessoa? Ou quanta inteligência está guardada em sua cabeça? Ou já tiveram interesse em saber quanto tempo um aluno de EEEP tem para realizar seus trabalhos profissionais e pessoais? Pois bem, tudo isso você irá saber ao longo dessa entrevista.

Às vezes por que você é tão ignorante?
Damião: Porque às vezes não consigo suportar tanta besteira falada pelas pessoas. Mas estou tentando melhorar.
Essa ignorância vem de acordo com o que as pessoas falam ou é de nascença?
Damião: Como já falei, é pelo que as pessoas falam ou fazem que às vezes me irrito.
O que você sente em relação à turma de Manutenção 2ºB? Explique de acordo com o comportamento da mesma.
Damião: Vejo que a sala está tentando melhorar, mas o que está faltando é maturidade de muitos, vemos que, muitas vezes, levamos quase tudo na brincadeira.

Em “mas o que está faltando”, a palavra sublinhada introduz uma

a) finalidade.
b) conclusão.
c) causa.
d) concessão.
e) proporção.


2 comentários:

  1. Venho desde já parabenizar a Aluna ELIZIANE DA SILVA VIEIRA do Curso de manutenção automotiva por ter conseguido tirar a nota maxima no provão de português.
    E OS DEMAIS ALUNOS DE MINHA SALA.
    GALERA OS ESTUDOS NA CASA DO HELIO VALERAM A PENA DEVE CONTINUAR VIU !!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gostei de ver, Luis Neto! Concordo com seu comentários, os estudos na casa do Hélio devem continuar sim! Pelo visto, foram muito proveitosos!

      Excluir